É, o meu nick, Ceinwyn, saiu dessa trilogia. É uma personagem do livro que à primeira vista é uma coisa e quando se conhece é outra - mais positiva do que a primeira impressão.
A trilogia, Crônicas de Artur, foi escrita por Bernard Cornwell na década de 90 e foi publicada no Brasil pela Record.
Mas a Ceinwyn não é de longe a personagem principal, como se pode ver mesmo pelo título. O personagem principal é o rei Artur. "Ah, mais um livro sobre a Távola Redonda?", podem pensar. É, mais um livro pra imensa lista de inspirados no legendário arturiano. Mas, se fosse "apenas mais um livro", não teria chamado a minha atenção, certo? Então não é mais um livro. Pode não ser "O" livro arturiano, mesmo porque não li todos, mas é um ótimo livro.
O mote do livro é misturar a lenda já conhecida do Artur (na sua versão mais clássica, a medieval) com pesquisa histórica sobre o século VI bretão e com adaptações realizadas por ele. O resultado é brilhante. A pesquisa está fantástica, e foi muito bem usada. Muda de forma drástica o caráter de alguns personagens,praticamente introduz outros (como o Derfel, praticamene desconhecido e que aqui é o narrador da história), modifica a versão da história mais conhecida.
A versão medieval mais conhecida da lenda arturiana foi escrita no século XII, na França, por Chrétien de Troyes, a partir de manuscritos que datam de séculos muito anteriores. Nessa versão, Artur é um rei que tem como corte os cavaleiros da Távola Redonda. Nada mais condizente com a realidade do século XII, com o público do século XII (cavaleiros), mas não muito condizente com a Bretanha do século VI. Na Bretanha do século VI não existia cavalaria. Tampouco rei. Chrétien escreveu para uma corte que estava se formando na França, quando a França estava começando a ser um reino.
A Bretanha do século VI dividia-se entre cristãos e pagãos. Não era um reino unificado, e sim uma composição de vários reinos. Enfrentava invasões de anglos e de saxões. E é partindo de pesquisa sobre esse período que Cornwell faz sua ficção histórica. Não pretente fazer um tratado histórico, se permite licenças poéticas. E as justifica todas no final de cada volume.O Artur do livro não é rei, é um general que faz o máximo possível para unificar as tropas bretãs a fim de conter as invasões.
Enfim, altamente recomendado. Ótimo romance histórico, que não faz licenças poéticas exageradas mas que tampouco pretende ser um tratado sobre a Bretanha do século VI. Ótima narrativa e ótimos personagens.
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