Não estou aqui, de forma alguma,para diminuir a gravidade do caso da menina assassinada. De forma alguma isso pode ser feito de uma forma minimamente séria (embora eu goste das piadas mórbidas envolvendo o assunto, de tanto que ele me saturou). Vou é comentar a cobertura. No caso, no jornal que assisto com mais freqüência, o Jornal das Dez da Globonews. O que não difere tanto assim do Jornal Nacional, já que as organizações Globo usam a mesma matéria em todos os seus telejornais.
Por mais que tenha a pequena vantagem de se passar num canal fechado, e portanto um pouco menos comprometido com o sensacionalismo, mesmo assim essa cobertura já deu tudo o que tinha que dar. Por mais que o caso seja estarrecedor, ele apenas tem a cobertura que tem (às vezes ocupando metade de um jornal de 1 hora) pelo caso ter ocorrido numa família de classe média alta. Não tenho dúvidas que casos assim ocorrem na periferia da mesma São Paulo e não são nem notícia. Esse é o primeiro ponto.
O outro talvez seja ainda pior. Cobertura de casos mais sérios são interrompidas para se passar a prisão do casal Nardoni.Estava sendo noticiada a soltura do único mandante de assassinato então preso no Pará, o fazendeiro que encomendou a morte da missionária Dorothy Stang. Enquanto se comentava a situação mais geral do Pará, em que segundo a Comissão Pastoral da Terra mais de 800 pessoas foram assassinadas nos últimos 40 anos no Pará, o casal estava sendo preso. Interromperam essa matéria para vermos os carros da polícia levando o casal para a delegacia. Faça-me o favor.
O fim do Décimo Terceiro foi aprovado na Câmara e a notícia corrente é... Isabela Nardoni. Querem terminar com a Licença Maternidade e as férias pagas e a notícia é... Isabela Nardoni.
Seria a imprensa um veículo que permitisse a sociedade saber de coisas do seu interesse? Seria. Mas...
2 comentários:
pois é, isso é normal, aproveitam esse tipo de coisa pra disfarcar questoes muito mais serias.. =(
e isabela rima com janela! =D
Nossa imprensa é tão dinâmica e monótona! Isso poderia ser um paradoxo, mas não é...
Monótona porque é só achar um fiapo de aceitação do público e pronto! Dois meses falando a mesma merda. Dinãmica porque depois desses dois meses, não se volta a falar daquele assunto NUNCA mais.
Pois é, há pouco tempo já foi o João Hélio, o Chávez e hoje não tem mais notícia nenhuma sobre os dois...
A lógica do mercado está em tudo mesmo: educação, política, saúde, higiene pessoal... por que não estaria na mídia também? Pois é... quatro palavras: la men tá vel.
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