domingo, 28 de fevereiro de 2010

R.I.P José Mindlin




Hoje morreu, aos 95 anos, um dos colecionadores que mais admiro, José Mindlin. Bibliófilo desde a adolescência, fez o que pode (inclusive doar 20 mil livros pra biblioteca da USP, formando a Brasiliana) para divulgar a literatura e o valor intrínseco que o objeto livro pode ter. E isso sem desprezar as novas tecnologias, já que possivelmente podem inspirar pessoas a se tornarem novos leitores. Não à toa, o acervo que doou à Biblioteca da USP está sendo digitalizado (incluindo primeiras edições do Machado). Membro da ABL, deixa vazia a sua cadeira.
Trechos de uma entrevista concedida ao Estadão em 21/7/2009:
Nunca me considerei o dono desta biblioteca. Eu e Guita (esposa já falecida de Mindlin) éramos os guardiães destes livros que são um bem público”, pondera, “não tenho o fetiche da propriedade, tão pouco da exclusividade”. [ah se todos os colecionadores fossem assim]A doação deu origem ao projeto Brasiliana USP (www.brasiliana.usp.br) que apenas este ano começou a ganhar seus contornos mais interessantes com a digitalização dos títulos e sua posterior disponibilização gratuita na web.
Mindlin se mostra bastante animado com o avanço do projeto. “Sempre achei o livro um instrumento de formação de pessoas e quanto maior o número de beneficiados pela digitalização, melhor”, afirma. “Cresci com o livro de papel, e no meu caso o livro eletrônico não encontrou eco. Mas acredito que essa iniciativa pode ajudar a despertar o interesse nos leitores mais jovens”
Sobre a tecnologia do livro de papel, em que concordo em gênero, número e grau com Mindlin:
O mesmo vale para o livro de papel que, para Mindlin, é uma das tecnologias mais fascinantes e duradouras criadas pelo homem. Não temos o costume de enxergar os livros dessa forma, afinal ele está aí desde sempre - ou há mais de meio milênio. Sua contribuição para a nossa cultura e sua resistência - até mesmo à era digital - é inegável. Para Mindlin, o livro de papel é uma tecnologia difícil de ser superada: é um objeto relativamente barato, pode ser levado a qualquer lugar, não usa bateria e o manuseio é simples, não requer prática, tão pouco habilidade. Tudo isso, sem falar no prazer de folheá-lo, no fetiche do tato, do cheiro, no encantamento provocado pela parte gráfica, a diagramação, etc.

“Certa vez, uma pessoa insistiu nas inúmeras vantagens que o livro eletrônico oferece, e se propôs a fazer uma demonstração. Ela veio armada de todos os equipamentos necessários, mas quando apertou o botão de ligar, nada aconteceu. Ora, isso não é uma coisa que pode acontecer com o livro de papel”, diz sorrindo.[não é verdade?] “Hoje em dia a gente se sente meio atrapalhado com o volume de inovações que não param de surgir”, afirma, ele que nunca manuseou o leitor de livros eletrônicos da Amazon, o Kindle, mas tem curiosidade de conhecê-lo.
PS: nunca chegarei à coleção dele, mas bibliófila já sou, e tenho bastante pena das pessoas terem que morrer...



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Now playing: Kaiser Chiefs - Born to Be a Dancer
via FoxyTunes

Miss Beleza Natural

Descobri hoje, no GNT, um reality de que gostei bastante: Miss Beleza Natural. É um concurso em que a candidata tem que mostrar conforto com a própria imagem e inteligência - um exemplo para as mulheres se sentirem confortáveis como são, usando poucos e nada exagerados artifícios para promoverem a sua imagem. A vencedora ganhou contratos para escrever sobre beleza e um contrato como modelo. Pena que só teve um...



PS: eu particularmente estou cada vez mais satisfeita com meu manequim 42/44... não vou deixar aumentar,mas não vou sofrer pra tirar o 44....vou diminuir aos poucos,ponto final.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Editora Landmark processa a tradutora Denise Bottmann, do Não Gosto de Plágio


Editora Landmark processa a tradutora Denise Bottmann, do Não Gosto de Plágio: "
A tradutora e blogueira Denise Bottmann, do blog Não Gosto de Plágio, precisa de nosso apoio. Ela é a responsável por um trabalho incansável de trazer à tona casos de plágio de traduções, e agora está sendo processada pela editora Landmark, que pede ao juiz indenização, por danos morais mais a retirada de seu blog do ar.

A Denise denunciou que as traduções de “Persuasão” de Jane Austen, e “O morro dos ventos uivantes” de Emily Brönte, publicados pela referida editora em 2007 eram respectivamente plágios das traduções de Isabel Sequeira, publicada pela europa-américa em 1996 e de Vera Pedroso (publicada pela bruguera em 1971, reeditada pela art em 1985, para o círculo do livro).

A ação também cita a blogueira Raquel Salaberry, do Jane Austen em Português, o Google e um provedor. O processo corre na 4ª Vara Cível do Fórum Regional de Santana, e o número do processo é 001.09.135047-7 (link).

O Sérgio Rodrigues, do blog Todo Prosa e o Alessandro Martins, do Livros e Afins também já divulgaram esse absurdo e se tu também não gostas de plágio, ajude a espalhar a notícia.

estrelinhas coloridas…

Fonte: Bibliophile


Taí uma coisa que me revolta, plágio de tradução. E o post acima citado não foi o único a protestar contra a Landmark. Quisera eu que a maior credibilidade estivesse com as nossas editoras, e não com os que as acusam... não é a primeira vez que leio sobre plágio de tradução, e não são só blogueiros que estão protestando e dando, a priori, razão pra Denise: a L&PM também.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mário Quintana

Fiquei muito tempo sem quase ler poesia. Anos.Ficava impaciente pra me concentrar em textos tão densos e freqüentemente curtos. Não estava com concentração para tanto. O óbvio: para cada momento da vida, um tipo de leitura.E recentemente voltou o tempo pra poesia. Pra (re)começar, Mário Quintana (influência de uma amiga querida, que de tanto gostar do Mário é chamada de Beta Quintana). Hoje comecei a ler o Nova Antologia Poética, coletânea organizada pelo próprio Mário em 1985. Ainda não terminei (até pra apreciar melhor), mas já dá pra citar 4 poemas que adorei:
A CONSTRUÇÃO
Eles ergueram a torre de Babel para escalar o Céu. Mas Deus não estava lá! Estava ali mesmo, entre eles,ajudando a construir a torre.
DO ETERNO MISTÉRIO
"Um outro mundo existe.., uma outra vida..."
Mas de que serve ires para lá?
Bem como aqui, tu'alma atônita e perdida
Nada compreenderá...
 PEQUENO POEMA DIDÁTICO
O tempo é indivisível. Dize,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.

A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconseqüente conversa

Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas!


sábado, 20 de fevereiro de 2010

"Cultura geral: tudo o que se deve saber" ou: guia prático para se tornar um PIMBA

Primeiramente, esclarecendo o que é PIMBA. É uma sigla, na verdade: P.I.M.B.A. -> Pseudo Intelectual Metido a Besta e Arrogante. Auto - explicativo: é o sujeito que tem um imenso desejo de parecer intelectual, mais do que ser um. É aquela pessoa simpática que fica esnobando todo e qualquer conhecimento "culto" que tenha - por culto, aqui, entenda-se tudo o que é aprovado por críticos e acadêmicos de forma quase unânime. Só a "alta cultura" - os clássicos literários, cinematográficos, musicais, etc - interessa aos PIMBA. O que povão produz e consome não interessa a estes espécimes. Podem até se interessar por cultura pop e popular, mas não gostam de espalhar que gostam por não serem "sofisticadas" e "cultas". E, muito importante: um PIMBA sempre, necessariamente, fala de seus pretensos conhecimentos. Um PIMBA nunca vai admitir não gostar de algo consagrado. E vai se envergonhar por não conhecer esta ou aquela obra. Enfim, uma raça irritante.
Estava eu lendo tranquilamente meus feeds do Google Reader quando me deparo com uma notícia da Folha sobre os livros mais comentados desta semana. Um dos livros era justamente esse: Cultura geral: tudo o que se deve saber, do filólogo e historiador alemão Dietrich Schwanitz. A capa do livro, linda, me chamou atenção. Fui conferir os textos da Folha sobre o dito livro. Salvo engano meu, ele se mostrou um guia de cerca de 500 páginas de como ser um PIMBA.
Pra começar, o livro começa com a definição do que uma pessoa, pra ser respeitavelmente culta, não pode conhecer: futebol, televisão (a não ser programas de debates e afins), revistas femininas e etcs. Sim, e a Folha disponibilizou o trecho em que ele escreve isso aqui.Lendo, rezei para que fosse um texto irônico, mas não: a pessoa culta não pode gostar de nada que seja popular, ou deve esconder que tem esses conhecimentos na bagagem (não falei? PIMBA perfeito). Mas não, não é ironia: procurando pelo autor no Google, vi trechos de admiradores... todos PIMBA, lógico. É como um Diogo Mainardi alemão: não, isso não pode ser sério -> não, isso não é sério -> é, uma mente humana produziu isso.
Seguindo o livro, o que uma pessoa tem que saber: lições de história, filosofia, ciências....:
O autor inicia a retrospectiva no chamado berço da civilização ocidental, a Grécia Antiga, com seus mitos e deuses, e que teve nos textos da "Ilíada" e da "Odisseia" o seu principal registro escrito. Do mesmo modo, é dedicada uma atenção especial à Bíblia e à influência que também este texto e os costumes de seus seguidores tiveram no desenvolvimento da cultura e do pensamento europeus.
Divulgação
Livro apresenta "tudo o que se deve saber" sobre cultura geral
Além de fazer uma breve recapitulação de cada período histórico, da Antiguidade aos anos 2000, são apresentados os principais escritores e as suas obras mais marcantes. Clássicos absolutos, como "A Divina Comédia", de Dante Alighieri, "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes, "As Viagens de Gulliver", de Jonathan Swift, "Os Irmãos Karamázov", de Fiódor Dostoiévski, e "Ulisses", de James Joyce, entre outras, merecem destaque específico.
Grandes pensadores, de Descartes a Heidegger, passando por Rousseau e Hegel, também merecem seções próprias, onde se explica, de maneira acessível e concisa, o pensamento e a influência que tiveram na sociedade. As ideias de Karl Marx, de Sigmund Freud, da Escola de Frankfurt e mesmo de Albert Einstein não ficam de fora e também merecem uma análise mais detalhada.
Diferentemente da tradicional bibliografia que as publicações "sérias" costumam trazer, Schwanitz optou por apresentar duas listas: uma com "livros que mudaram o mundo" e outra com sugestões de leituras, recomendadas por oferecer panoramas consistentes e mais específicos em cada área.
Fonte: Livraria da Folha, 8/02/2010

Como se pode ver pela citação, um apanhado da cultura e histórias civilizadas - quer dizer, européias (que é o que PIMBAs conhecem, ou falam conhecer: cultura européia). Além de ser etnocêntrico e PIMBA, é bem óbvio: não se precisa gastar quase R$100,00 de uma tacada pra se ter uma base de referências que se tem ao longo de anos de interesse legítimo, e não forçado. Sou mais gastar esse dinheiro com livros realmente interessantes... e se um PIMBA me perguntar, talvez até gaste este mesmo dinheiro com... cultura pop!!


Enfim, nada recomendado, a não ser como guia para pimbice. E dá licença que vou ali ler meu álbum do Batman que ainda não li...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Saldo do carnaval/ aniversário

Fiz 26 anitos no último dia 13 (o que quer dizer que de vez em quando faço aniversário numa sexta 13 :]), mas só vou comemorar MESMO dia 20. Culpa dos meus pais, que resolveram transar de forma a eu nascer na época do carnaval. Fazer o que? Viajar no carnaval (pra fugir do calor dos infernos que tem feito no Rio) e comemorar uma semana depois, como eu :]
Fui a Miguel Pereira e passei os quatro dias fazendo não muito mais do que pegar uma piscina - sim, por incrível que pareça, estou bronzeadinha - e sim o Marcelo pegou sol (! - eu sou testemunha!). Joguei Mario Kart com a minha prima de 9 anos, vi algumas escolas (não todas porque fiquei gripada na segunda =/) e xinguei a Globo feito o que (que merda de transmissão, hein). Li mangá, comecei a ler o livro que ganhei do Marcelo. Um bom feriado, enfim.
E ah, fotinha dos presentes ganhos até agora:
 

Então, listinha dos presentes (morram de inveja, eu deixo):
É pra ficar feliz, né não? E inda vou ganhar layout novo pro blog da minha irmãzita fofa.... (e se ganhar mais coisas depois, nem sei).

Afora ficar menos nova, adorei tudo isso ^.^

E ah!! Retomando contato com outros aquarianos queridos e sumidos! (Jacob e Quelzinha...)Presentaço esse =]

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Eu quero fudê!

Calma calma.... não é isso o que vcs estão pensando.... não mesmo.
Fudê é o nome do pincel japonês usado pra praticar caligrafia, feito de pelos de ovelha ou de texugo.
E quero um pra caligrafia sim, mas pro árabe. Nem me interesso por japonês =p
Mas... sou apaixonada por caligrafia. Muito. De qualquer língua - especialmente se o alfabeto não for o romano. Um dia ainda aprendo árabe e depois caligrafia.
Linda imagem, não?

 Como soube do nome do pincel? Nesse post do blog Lost in Japan, de um brasileiro que está morando no Japão (inveja!Mentira, nem quero morar no Japão.Conhecer me bastaria.)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

SAIA

SAIA: "

www.blogdomangabeira.com


LOL Adorei
"

Ebooks de Jane Austen de graça na Biblioteca Britânica

Ebooks de Jane Austen de graça na Biblioteca Britânica: "
Segundo o Times Online, mais de 65.000 obras do século XIX da coleção da Biblioteca Britânica, estarão diponíveis online na primavera do hemisfério norte. Livros da coleção da biblioteca, como Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, Bleak House, de Charles Dickens e The Mayor of Casterbridge, de Thomas Hardy, poderão ser baixados com a mesma aparência dos originais, incluindo os caracteres da época e as ilustrações. O projeto que é uma criação da Microsoft, também colocará os ebooks à venda no site da Amazon para os proprietários do Kindle. Segundo o Times Online, a Microsof e a Biblioteca Britânica, que possuem pelo menos uma cópia de cada livro publicado no Reino Unido, passaram três anos escaneando os livros. E o projeto não para por aí: obras do século XX que já caíram em domínio público também farão, futuramente, parte do acervo online da biblioteca."

Amei, amei a notícia. Seria bibliófila, se tivesse condiçõe$ pra tanto. Como não tenho, compro o máximo que posso - ainda acho que vou ter uma coleção de edições dos livros que mais amo. Até por amar tipologia e ilustração. Amo mesmo!
Mas saber que posso acessar esses livros amados e o melhor, saber como foram as primeiras edições... mal posso esperar pela primavera de lá *.*

Novo membro do Blogblogs: eu


BlogBlogs.Com.Br


Continuando a minha saga em busca de novos leitores, cá estou eu me cadastrando no BlogBlogs... pra conseguir novos leitores e novos blogs interessantes pra acompanhar. É, dessa vez NÃO VOU ABANDONAR O BLOG. E vou manter o mantra mentalmente: não vou abandonar o blog, não vou abandonar o blog, não vou abandonar o blog...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Top 5 literatura

Fiquei bastante tempo da minha vida implicando com listas de favoritos. Não implicando com o fato de outros fazerem, mas com a possibilidade d'eu fazer. Não sei se por preguiça, ou por achar que não tenho imaginação pra fazer diferentes listas, ou se porque me sinto com pouca cultura(tanto erudita quanto pop) para fazer listas decentes. Na verdade, sei: não fazia por uma mistura desses elementos. Mas, como adoro mudar de opinião, bastou um amigo me mandar pelo Facebook uma lista de 10 melhores filmes de terror/suspense espanhóis pra eu encarar a tarefa de fazer meu primeiro Top 10: Top 10 livros. No final, gostei do exercício, e vou voltar aos clichês de quem gosta de fazer listas: é divertido, faz pensar no porque você gosta de algo(que é essencial)... e outras coisas que agora não to lembrando e não concordava.
Vou aqui fazer um post sobre os 5 melhores colocados, pra começar meus posts Top 5 no blog.


5. Crônicas de Artur - Bernard Cornwell
Sempre gostei de romances de aventuras, desde pequena. Como diz uma amiga, sou "bélica e perturbada",como ela(que definiu assim as meninas que gostam de histórias de aventura, etc). A-do-ro essa trilogia, um romance histórico sobre a Távola Redonda, sendo a pesquisa histórica fundamental para a ficção: Artur não é rei, os romanos saíram das Ilhas tem pouco tempo... a história é narrada por um aliado de Artur. E mesmo assim as narrativas de batalhas são ótimas. Uma ótima versão para uma história que sou apaixonada desde criancinha.
Como já falei nesse post (resenha completa da trilogia), o meu nick, Ceinwyn, veio daí: da personagem feminina que mais me identifiquei até agora.

4. Orgulho e Preconceito - Jane Austen
No geral, sou mais chegada a outros tipos de literatura do que o de "menininha", mas Orgulho e Preconceito me cativou de uma forma que não tinha como não entrar nessa lista. As personagens são muito bem construídas, o contexto da história muito bem apresentado, a narrativa cativante. A heroína, Lizzie Bennet, não deixa de ter seus defeitos por ser heroínas. Mr. Darcy, seu par, é um príncipe encantado que tem seus momentos completamente irritantes. E os outros personagens, tão bem construídos que parece que os conhecemos.
Possivelmente um homem que vença a barreira do preconceito de pegar um livro "de mulher" vá se surpreender com o romance, que,escrito por uma mulher, tendo como heroína uma mulher, não é nada meloso. Pelo contrário: a narrativa da história é construída de forma crítica,em relação aos personagens e ao contexto social da época, de forma que é um ótimo representante de uma aguçada visão feminina sobre a Inglaterra da virada do XVIII para o XIX.

3.Senhor dos Anéis - J.R.R.Tolkien

Lá vem a minha perturbação bélica de novo. Mas bom, eu gosto meesmo de aventuras, e ambientadas em algo similar à Idade Média então... Incrível é que o esqueleto da história é muito simples: há um objeto mágico extremamente poderoso e maléfico que precisa ser destruído. Ponto. O que é interessante é o desenrolar da história, em que os heróis passam por aventuras completamente cativantes e até mesmo motivadoras, podendo até fazer que nos inspiremos neles (confesso que até mesmo o chato do Frodo me inspira). Mesmo sendo fã do livro, confesso que alguns trechos podiam ser menores... e só.
E não é só a ambientação fantástica, fruto de um perfeccionismo de um linguista (Tolkien, pra quem não sabe, era prof. de Oxford e estudava línguas medievais) que faz com que a obra seja apaixonante. Qualquer pessoa que pesquise um pouco sobre as suas inspirações, se for uma pessoa curiosa, vai conhecer clássicos da literatura medieval, ou vai começar a ler sobre crítica literária(nem que seja fantástica, apenas). Tolkien, além de ótimo entretenimento, é um grande inspirador de novas leituras, e essa é uma qualidade que admiro muito em um escritor.
Pessoalmente, devo muito a ele. Passei boa parte da minha adolescência lendo bem pouco (er, de 5 a 10 livros por ano), e depois de ler Senhor dos Anéis é que o hábito de ler foi voltando com força (e só esse ano já li 10...). E ainda outra: li no início da faculdade, e com o pequeno impulso dado por SdA fui fazer as obrigatórias de medieval e... é, além de contribuir pra eu voltar a ter hábito de ler, ainda deu o pontapé inicial pra eu escolher em que queria me especializar...

2. Ficções - J. L. Borges

Engraçado que peguei esse livro na estante da minha mãe apenas pra ver o que afinal o Borges tem de gênio (tinha lido O informe Brodie e não tinha me convencido...). No final da leitura de quase todos os contos do livro, tinha que recolher meu queixo no chão. O livro é uma reunião de contos escritos na primeira metade do século passado sobre ficções inventadas pelo próprio Borges. Seria uma coletânea de resenhas, se os livros resenhados não fossem eles ficcionais. A escrita é brilhante, ora nos remetendo a hábitos de leitura diferenciados, ora realizando versões de ficções existentes, ora nos remetendo à paixão que todos nós, admiradores dos livros, temos por bibliotecas. E ainda nos faz pensar sobre noções de historicidade!
Um livro de um apaixonado por literatura para outros apaixonados. Brilhante. Brilhantemente escrito. Para ler e reler muitas vezes.

1.O Médico e o Monstro - R. L. Stevenson

Li há bastante tempo e confesso (shame on me), que nessa edição mesmo da Martin Claret (ainda escrevo aqui porque boicoitar a M.C.). Mas enfim, adoro esse livro porque ele retrata a minha visão sobre a humanidade: em geral, somos um pouco médicos e um pouco monstros. Não há maniqueísmo possível em se tratando de pessoas normais (estou claramente tirando os psicopatas do cesto). Sim, todos temos monstros dentros de nós que suprimos graças ao nosso desejo de nos manter em sociedade.
Claro que a forma de se pronunciar isso, no livro, é bem simples e com a mentalidade posta de forma clara na cientificidade do século XIX. Mas simplicidade pode ser também uma qualidade... e não é porque o livro é datado que é menos atual:é sobre o homem, e não sobre a imaginação do século retrasado que se trata.
E bom, é uma visão pessimista da humanidade, mas quem achava que eu sou otimista e amo todo mundo está bem enganado. Tenho o riso fácil e gosto de trocar idéias, mas daí a achar que todo mundo é bonzinho (inclusive eu, tenho meus demônios) tem uma grande distância...


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Zumbilândia


Anteontem eu vi Zumbilândia, coisa que recomendo a todos os que estiverem lendo esse post (vocês existem?) que façam. O filme é muito engraçado, MESMO. E olha, eu não sou nem fã de terror nem de zumbis, mas das raras comédias bem feitas. E é o que Zumbilândia é: uma comédia muito bem feita. De rir do início ao começo ao fim do filme. De se apaixonar por personagens que geralmente vc não se apaixona (o Badass caipirão, o nerd medroso, a aproveitadora gostosa). E bom, me apaixonei por todos eles (menos apaixonada pelo nerd, mas mesmo assim...).
Aconteceu uma coisa que ainda não defini bem o que: como disse, não sou fã de terror. Detesto cenas nojentas. E ou as resenhas que eu li estão muito toscas ou eu que estou ficando menos fresca: achei as cenas gore engraçadas. Sim, achei graça do que geralmente não vejo graça nenhuma.
Não sou grande conhecedora de filmes (ou o que quer que seja) de zumbis, mas quem conhece gostou. E quem não conhece (tipo eu) fica com mais vontade de conhecer...e de ver de novo o filme, porque rir por causa de um filme nunca é demais...


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Now playing: Red Planet - Zombina And The Skeletones
via FoxyTunes

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Nova York: a vida na grande cidade – Will Eisner


O livro, originalmente publicado em 2006, saiu aqui no Brasil no ano passado. É uma coletânea de quatro graphic novels escritas por Will Eisner entre 1981 e 1992: Nova York: A grande cidade (1981-6), O edifício (1987), Caderno de tipos urbanos (1989) e Pessoas invisíveis (1992). Will Eisner, de família imigrante judia nova-iorquina, foi um dos maiores mestres dos quadrinhos no século XX e até 2005, quando morreu. Começou a sua carreira na década de 1930, tendo feito de tudo um pouco no mundo dos quadrinhos – desde educacionais, passando por suplementos em jornais até as graphic novels e as aulas ministradas na Escola de Artes Visuais de Nova York.

Nova York:a grande cidade e Cadernos de tipos urbanos são dois trabalhos compostos por crônicas em formato de vinhetas. A partir de uma aguçada percepção do que usualmente passa despercebido (as histórias que um bueiro poderiam contar, por exemplo), Eisner compôs suas vinhetas. Muitas delas mudas,com maestria em capturar expressões e seus possíveis significados e em desenhar os lugares retratados, nos fazendo pensar "como eu não tinha reparado nisso?". Retratando Nova York, Eisner o faz de uma forma que qualquer morador de uma grande cidade se identifique. Aqui, é da relação Homem-Espaço e Homem-Homem, que se trata. E, apesar de ser Nova York, o retrato do espaço é realizado nos lugares comuns às grandes cidades: bueiros, hidrantes, cortiços, mansões.

O edifício e Pessoas invisíveis, por outro lado, são coletâneas de ficções sobre personagens urbanos (personagens, não tipos urbanos). Na primeira graphic novel, os quatro contos giram em torno de um edifício, as tristes histórias de pessoas solitárias narradas a partir da relação de suas vidas com o prédio. No segundo livro, as histórias mais tristes – como o título Pessoas invisíveis sugere. São três histórias de pessoas solitárias, três como tantas existem tantas nas ásperas grandes cidades.

A Nova York de Eisner não é nada glamourizada. O que é sempre enfatizado é a solidão a que a vida urbana pode levar – tanto para os pobres como para os ricos (sendo, nessa coletânea, a ênfase nos primeiros). As tragédias do dia-a-dia relegadas a talvez uma pequena nota num jornal, as alegrias não compartilhadas. A crônica aqui é do cotidiano, das dificuldades da vida.

Enfim, um livro para amantes de quadrinhos e de crônicas urbanas. E para ser lido em casa, devido ao seu tamanho.