domingo, 28 de fevereiro de 2010

R.I.P José Mindlin




Hoje morreu, aos 95 anos, um dos colecionadores que mais admiro, José Mindlin. Bibliófilo desde a adolescência, fez o que pode (inclusive doar 20 mil livros pra biblioteca da USP, formando a Brasiliana) para divulgar a literatura e o valor intrínseco que o objeto livro pode ter. E isso sem desprezar as novas tecnologias, já que possivelmente podem inspirar pessoas a se tornarem novos leitores. Não à toa, o acervo que doou à Biblioteca da USP está sendo digitalizado (incluindo primeiras edições do Machado). Membro da ABL, deixa vazia a sua cadeira.
Trechos de uma entrevista concedida ao Estadão em 21/7/2009:
Nunca me considerei o dono desta biblioteca. Eu e Guita (esposa já falecida de Mindlin) éramos os guardiães destes livros que são um bem público”, pondera, “não tenho o fetiche da propriedade, tão pouco da exclusividade”. [ah se todos os colecionadores fossem assim]A doação deu origem ao projeto Brasiliana USP (www.brasiliana.usp.br) que apenas este ano começou a ganhar seus contornos mais interessantes com a digitalização dos títulos e sua posterior disponibilização gratuita na web.
Mindlin se mostra bastante animado com o avanço do projeto. “Sempre achei o livro um instrumento de formação de pessoas e quanto maior o número de beneficiados pela digitalização, melhor”, afirma. “Cresci com o livro de papel, e no meu caso o livro eletrônico não encontrou eco. Mas acredito que essa iniciativa pode ajudar a despertar o interesse nos leitores mais jovens”
Sobre a tecnologia do livro de papel, em que concordo em gênero, número e grau com Mindlin:
O mesmo vale para o livro de papel que, para Mindlin, é uma das tecnologias mais fascinantes e duradouras criadas pelo homem. Não temos o costume de enxergar os livros dessa forma, afinal ele está aí desde sempre - ou há mais de meio milênio. Sua contribuição para a nossa cultura e sua resistência - até mesmo à era digital - é inegável. Para Mindlin, o livro de papel é uma tecnologia difícil de ser superada: é um objeto relativamente barato, pode ser levado a qualquer lugar, não usa bateria e o manuseio é simples, não requer prática, tão pouco habilidade. Tudo isso, sem falar no prazer de folheá-lo, no fetiche do tato, do cheiro, no encantamento provocado pela parte gráfica, a diagramação, etc.

“Certa vez, uma pessoa insistiu nas inúmeras vantagens que o livro eletrônico oferece, e se propôs a fazer uma demonstração. Ela veio armada de todos os equipamentos necessários, mas quando apertou o botão de ligar, nada aconteceu. Ora, isso não é uma coisa que pode acontecer com o livro de papel”, diz sorrindo.[não é verdade?] “Hoje em dia a gente se sente meio atrapalhado com o volume de inovações que não param de surgir”, afirma, ele que nunca manuseou o leitor de livros eletrônicos da Amazon, o Kindle, mas tem curiosidade de conhecê-lo.
PS: nunca chegarei à coleção dele, mas bibliófila já sou, e tenho bastante pena das pessoas terem que morrer...



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Now playing: Kaiser Chiefs - Born to Be a Dancer
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