O livro, originalmente publicado em 2006, saiu aqui no Brasil no ano passado. É uma coletânea de quatro graphic novels escritas por Will Eisner entre 1981 e 1992: Nova York: A grande cidade (1981-6), O edifício (1987), Caderno de tipos urbanos (1989) e Pessoas invisíveis (1992). Will Eisner, de família imigrante judia nova-iorquina, foi um dos maiores mestres dos quadrinhos no século XX e até 2005, quando morreu. Começou a sua carreira na década de 1930, tendo feito de tudo um pouco no mundo dos quadrinhos – desde educacionais, passando por suplementos em jornais até as graphic novels e as aulas ministradas na Escola de Artes Visuais de Nova York.
Nova York:a grande cidade e Cadernos de tipos urbanos são dois trabalhos compostos por crônicas em formato de vinhetas. A partir de uma aguçada percepção do que usualmente passa despercebido (as histórias que um bueiro poderiam contar, por exemplo), Eisner compôs suas vinhetas. Muitas delas mudas,com maestria em capturar expressões e seus possíveis significados e em desenhar os lugares retratados, nos fazendo pensar "como eu não tinha reparado nisso?". Retratando Nova York, Eisner o faz de uma forma que qualquer morador de uma grande cidade se identifique. Aqui, é da relação Homem-Espaço e Homem-Homem, que se trata. E, apesar de ser Nova York, o retrato do espaço é realizado nos lugares comuns às grandes cidades: bueiros, hidrantes, cortiços, mansões.
O edifício e Pessoas invisíveis, por outro lado, são coletâneas de ficções sobre personagens urbanos (personagens, não tipos urbanos). Na primeira graphic novel, os quatro contos giram em torno de um edifício, as tristes histórias de pessoas solitárias narradas a partir da relação de suas vidas com o prédio. No segundo livro, as histórias mais tristes – como o título Pessoas invisíveis sugere. São três histórias de pessoas solitárias, três como tantas existem tantas nas ásperas grandes cidades.
A Nova York de Eisner não é nada glamourizada. O que é sempre enfatizado é a solidão a que a vida urbana pode levar – tanto para os pobres como para os ricos (sendo, nessa coletânea, a ênfase nos primeiros). As tragédias do dia-a-dia relegadas a talvez uma pequena nota num jornal, as alegrias não compartilhadas. A crônica aqui é do cotidiano, das dificuldades da vida.
Enfim, um livro para amantes de quadrinhos e de crônicas urbanas. E para ser lido em casa, devido ao seu tamanho.
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