terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Direito de resposta do trema

Recebi por e-mail um texto sobre a reforma ortográfica que tem pouquíssimos defensores.
Seria uma carta do trema lamentando o seu fim.
"Prezados,

Não venho aqui encher lingüiça nem esbanjar uma eloqüência inconseqüente.
Estou tranqüilo quanto ao papel que venho desempenhando na sociedade, da
qual tenho sido vítima de ataques com freqüência.

Não sou menino. Vivi e vi muito. Desde 1943 perambulo por estradas e
ditongos da vida. Que o diga o U, este grande amigo cuja voz não me canso de
garantir neste mundo de crescente exclusão.

Diga-o também o Müller, outro grande defensor de minha carreira, bem como
todo o nobre povo alemão, este sim um apreciador do chucrute, da música
clássica e do legítimo trema germânico.

Ao ver decretada assim minha expatriação, penso nesse povo sem memória e sem
afeto. Desterraram seu último e apaixonado imperador e agora me trocam por
kas, dáblius e ipsilones representantes do imperialismo saxão. Sempre
suspeitei que minha morte ou exílio estavam sendo há décadas tramados por
alguém.

Não sabia se pelos comunistas, pelos socialistas, pelos capitalistas ou
pelos fãs de Marylin Manson. Agora eu sei. Foram os dáblius, esses vês
pervertidos que sempre andam de mãos dadas, em plena luz do dia. Caracteres
pederastas, esses dáblius. Pederastas e traidores. Quem me lê sabe se tem a
mão ensangüentada.

Espanta-me a hipocrisia destes mesmos abraçadores de árvores e defensores da
ecologia e do seqüestro de carbono tirarem dessa forma o acento e o acalento
dos pingüins. Agora eles têm de agüentar. Por um, por dez ou por cinqüenta
anos. Até o fim de tudo. Verão, na pele, a falta que um trema faz,
delinqüentes ortográficos, seres de índole eqüina.

Vou-me. Partirei de volta para o velho mundo, onde ainda há espaço para
tremas, lamparinas e fados tristes. Saio desta vida para a ubiqüidade."





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Now playing: Zombina & The Skeletones - Villain
via FoxyTunes

3 comentários:

Cabal disse...

Show de Bola Ceinwyn!!!

Carol disse...

Muito legal o texto! Acho que sou uma das poucas defensoras do pobre trema, que das minhas escritas não sairá tão cedo!

Maira G. disse...

Eu sou contra a reforma e achei o texto mto bom =]