segunda-feira, 19 de julho de 2010

Homenagem

Ontem um dos homens mais importantes da minha vida fez 80 anos: meu padrasto. Eu nem ia escrever nada sobre isso aqui, porque afinal de contas é uma data pessoal, e não gosto muito de escrever coisas íntimas no blog. Mas não deu, quando eu li um texto de um amigo dele em homenagem ao mesmo: vou aqui escrever o meu próprio texto e transcrever aqui o texto do Zé Carlos (o José Carlos de Azeredo eu não sei direito quem é). 

Então, começando: desde os meus 4 anos de idade (eu tenho 26), tenho por padrasto um cara que eu chamo simplesmente de Café. Professor doutor titular emérito da UFRJ, no Currículo Lattes e nos livros publicados (um deles no prelo, no momento), ele é o Edwaldo Cafezeiro. Lindo nome, pomposo. Mas esse aí eu não conheço muito bem não. O que eu conheço brincava comigo quando eu era pequena falando que se eu não comesse tudo virava Collor. Fez a maior força pra eu entrar pro CAp da UFRJ, sempre que pode me dá livros, me dá maior força pra eu seguir os trilhos dele - graduação, mestrado, doutorado. Dono de uma biblioteca imensa, um grande inspirador pelo amor ao livros, à leitura, ao estudo. Uma abertura e uma curiosidade intelectual que daria muita inveja a alguns colegas de pós, muito mais jovens do que ele. E isso tudo tendo saído do interior da Bahia, ido pra São Paulo jovem, com uma mão na frente e outra atrás, e, olha olha olha, professor de português (depois de abandonar Direito) Um exemplo de vida, de curiosidade intelectual, um grande pai. Agora, aos 80 anos, 4 filhos (eu, enteada, inclusive), 5 netos, mereceu duas festas surpresa de responsa em sua homenagem: uma em casa e outra na Faculdade de Letras da UFRJ. Infelizmente, só pude comparecer a uma delas. E para a outra, um amigo dele que vez ou outra vejo (o  Zé Carlos, que falei  acima) escreveu isso aqui, que adorei ler e copio abaixo:

Eu procurava um início para estas rápidas palavras sobre Edwaldo Cafezeiro, e me vieram à lembrança uns versos bem conhecidos de um conterrâneo seu, compositor ilustre: "Meu caminho pelo mundo/eu mesmo traço/A Bahia já me deu/régua e compasso." Tento apreender flagrantes da atividade intelectual e profissional de Cafezeiro na moldura dessa metáfora, mas eles resistem à rigidez do traço, à nitidez do contorno, à linearidade das bordas. Não foi por artes das circunstâncias que Cafezeiro reuniu em sua trajetória o interesse pelas questões políticas do teatro brasileiro e a investigação dos mecanismos da metafonia na formação do português,temas de gêneros tão diversos. Em ambos ele exercitava o gosto pela investigação da mudança, pondo em xeque a eficácia de certos instrumentos de descoberta que garantiam a precisão dos resultados. O compasso e a régua, se os recebeu de sua terra, certamente lhe serviram para traçar, às vésperas de completar 80 anos, os limites entre o que está feito e o que está por fazer. E, para tanto, outros 80 anos ainda seria pouco.

2 comentários:

marcelo disse...

isso ae, parabens pro café =)

CECILIA RANGEL disse...

Eu, que vi você crescer e conheço a história de Carmem (sua mãe) e Café bem de perto, fico pra lá de emocionada em ler este depoimento sobre ele, ou melhor, para ele.
Cafezeiro é realmente um sujeito especial, mas para além de sua capacidade intelectual e sua erudição, é acima de tudo um homem ético e sensível. Parabéns pra ele, pra minha amiga Carmem, sua fiel companheira, e para vocês, filhos e enteada que puderam usufruir de sua presença todos esses anos!
Beijos da tia Cecilia!!!!!!!!!!!!!