Esse final de semana terminei de ler o Panorama dos Quadrinhos Contemporâneos na Alemanha, que comprei mais ou menos na virada desse ano. Comprei o livro porque sou uma curiosa nata, pura e simplesmente. Tenho grande curiosidade e simpatia pela cultura alemã, e quando bati o olho neste livro, na livraria Blooks, não tive como não comprar. Ainda mais porque além de ter curiosidade pela cultura alemã adoro quadrinhos e charges, e sempre que algo diferente se mostra na minha frente eu fico com vontade de ler.
A sinopse oferecida pelo site do livro:
Fruto de um trabalho originalmente acadêmico de uma disciplina da Faculdade de Letras da UFMG, o Panorama dos Quadrinhos Contemporâneos na Alemanha reúne uma seleção de autores de grande repercussão na Alemanha, mas desconhecidos do público brasileiro e latino-americano. Nomes como ©Tom, Joscha Sauer, Harm Bergen, Werner podem soar estranhos ao público leitor habitual de quadrinhos no Brasil, mas são nomes bastantes conhecidos em seu país de origem, a Alemanha. Essa edição iniciou-se como uma disciplina do curso de graduação em alemão da FALE/UMFG e avançou para além dos muros da universidade. Orientados pelo prof. Dr. Georg Wink do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) 17 alunos-tradutores escolheram e traduziram as 200 páginas do qual essa edição faz parte, em um período recorde.
Sendo um panorama geral, não há como criar espectativas sobre o que encontrar no livro: são 17 autores de diversas regiões, com produções de diversas épocas, o que garante a heterogeneidade - não apenas de tempo e de espaço, mas também de tipos de quadrinhos (charge, tiras, breves histórias) e de temáticas. Não se pode ainda esquecer das diferenças entre os traços - a única semelhança entre eles é que nenhum é infantil.
Infantil é um adjetivo que de forma alguma pode ser usado para caracterizar esse panorama, aliás. É um livro para adultos, do começo ao fim. Grande parte dos quadrinistas apresentados têm humor ácido, feroz mesmo. As temáticas são todas adultas, mesmo quando os personagens são crianças. Sexo, drogas, política, religião: nada de infantil por aqui.
Claro que numa coletânea com vários autores nem todos se destacam positivamente, alguns passam em branco, outros eu preferia não ter lido. Mas, no geral, o livro rende boas risadas, algumas boas descobertas, e nenhuma tradução descontextualizada: os tradutores escolheram muito bem o que traduzir, sem hermetismos que apenas alemães entenderiam. Alcançaram com sucesso a missão de apresentar a cultura alemã para não alemães, fazendo com que se queira buscar por mais.
Falando na tradução, só posso imaginar o trabalho que tiveram. Fiz um semestre de alemão instrumental, sei pouquíssimo da língua e da cultura alemães. E é o suficiente para saber o quanto deve ter sido difícil para eles transpor a cultura pop alemã para brasileiros, procurando por equivalentes nossos a expressões próprias deles. E aqui fica o meu maior elogio: ficou fantástica mesmo a transposição, mesmo com as nossas expressões substituindo as deles (que de forma alguma poderiam ficar sem tradução), os textos ficaram compreensíveis e ao mesmo tempo as diferenças culturais demarcadas. E quer elogio melhor para uma tradução?
Ah como eu queria ter domínio da língua alemã para ler os sites dos autores alemães... na introdução de cada um dos quadrinistas, foram apresentados uma sinopse da carreira de cada um e o endereços dos sites. Infelizmente, todos em alemão. Infelizmente, alemão pode ser lindo (eu acho), mas a minha competência para ler cultura pop alemã no original vai demoraaar pra vir. Uma pena.
Nota 4 de 5 (só porque não gostei de tudo que li, mas a edição está fantástica).
PS: finalizando com duas dicas de sites: O de divulgação do livro e o site alemão para a comunidade lusófona.
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