terça-feira, 18 de janeiro de 2011

História das Invenções


Quando pensei num livro infanto-juvenil para o tema de janeiro do Desafio Literário 2011, pensei logo num dos livros que mais me inspirou na vida: o Histórias do Mundo para as Crianças, do Monteiro Lobato. Só que aí lembrei que a ideia do desafio é ler livros inéditos para os desafiantes. Daí tive que escolher outro, e fui para o História das Invenções, também do Monteiro Lobato. Esse foi um dos poucos livros infanto-juvenis dele que não devorei algumas milhares de vezes na infância. Como uma das minhas metas de leitura pra vida é ler toda a obra do Lobato, escolhi aproveitar o desafio e pagar o débito.Esse foi um débito por uma razão muito simples: eu sempre que pegava o livro abandonava. Mas vamos a ele. Depois falo porque abandonei o pobre umas duas ou três vezes.

Os livros infantis do Sítio podem ser divididos basicamente entre aventuras e serões explicativos da Dona Benta (bem paradidáticos). E há ainda os que misturam os dois tipos. O História das Invenções fica no “paradidático”. Dona Benta recebe um livro de um alemão em casa, lê o livro e resolve apresentar a seu modo o conteúdo para as crianças (e a Emília, claro). Daí o “serão”, a última atividade antes das crianças irem dormir.

Claro que as explicações são muito bem feitas. O Lobato, sem ter diploma de pedagogo ou algo relacionado, tinha uma didática exemplar. Mas o livro é chatinho. As asneiras da Emília não compensam as explicações científicas, ou a seriedade do Pedrinho e da Narizinho. Para complicar mais um pouco (especialmente o meu entendimento quando era criança), as invenções não são apresentadas de forma cronológica,mas como prolongamentos mecânicos do corpo humano: mão, pé, boca. É muito difícil abandonar a cronologia, ainda mais porque é a fórmula que estamos mais acostumados.Pra piorar, pra quem teve desde cedo tendência para humanas o esforço para entender é ainda maior, porque afinal está-se falando de coisas mais relacionadas a exatas.Resultado: eu, criança, não entendi muito bem, tive que ficar adulta pra entender.

O ponto positivo do livro é o talento do Lobato em explicar de forma simples funcionamentos complexos. Mas isso não bastou para o livro ficar bom. Muito sisudo, muito adulto pra ser infanto-juvenil. Dessa vez o Lobato, o escritor que mais me inspirou na vida, errou a mão.